segunda-feira, 14 de outubro de 2013

15 DE OUTUBRO


Sei que discussão é sempre ampla, que às cobranças não tem fim, que críticas são rotina... E reconhecimento?!  "-No dia 15 outubro está de bom tamanho?" Homenagens sem fim, práticas exitosas, diferencial de quem decide ser, agir, pensar e ajudar a pensar diferente.
Esse é sempre bem vindo, mas ainda prefiro aquele reconhecimento cotidiano, de quem move e motiva todas as minhas aulas, de quem dá abraço apertado, sorrisos sinceros e enchem minha mesa de cartinhas... as minhas crianças. ;)
 Eu tive todas às opções que teve médico, o psicólogo, o engenheiro, o cozinheiro, artista plástico, vendedor, enfim, todos mesmo. Mas costumo dizer que prevaleceu em mim a mesma vocação daqueles que são bons profissionais, nas suas carreiras.  Eu escolhi ser Professora (como já disse), com as dores e as muitas delícias da minha sala de aula. Onde a magia é rotina, o faz de conta anestesia a realidade (muitas vezes cruel), onde há uma busca, vibrante, por excelência e constantes metamorfoses acontecem. O conhecimento é inesgotável e sempre haverá algo novo a aprender e uma vontade nova a despertar.
Ouvi dizer que o respeito existe, mesmo. Por quem e de onde ele vem é que às vezes esqueço.
Luto para não haver descrença no meu trabalho, pois meu ofício e minha vocação (que não se distinguem), são a minha essência. E enquanto houver sorrisos e vontade, abraços e tentativas... Estarei disposta a colaborar, incentivar, ensinar e aprender, com e para eles.
Não é só por amor, sem ele tão pouco, seria impossível. Não vivo uma utopia e apoio toda forma de reconhecimento e valorização do Professor.


Parabéns a mim e a todos aqueles que vivem, sobrevivem e promovem com significância a educação.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

GENTE QUE SE ESCREVE

Não tem memória bem verdade, 

Mas funciona como um relógio todas as manhãs
Ela acorda precisamente as 7h30,
Praticamente escorrega da cama até o banheiro,

Parece só abrir os olhos quando a água morna percorre seu corpo inteiro.
O barulho da água é o primeiro som a penetrarem nos seus ouvidos...


Quando passa em frente ao espelho, sorri, e se acha bonita

E nesse instante rotineiro se existisse um som, 
Seria do pente marrom, deslizando nos seus cabelos
O som até existe, mas é tão suave... que não sei descrevê-lo.


Olha a cama cuidadosamente
Dobra os lençóis, milimetricamente alinhando-os, enquanto recorda o sua irmã lhe dissera:
“-Anjos da guarda são preguiçosos e só despertam, depois da cama arrumada.”
O silencio pairava até ela sorrir, imaginando a coragem do seu anjo, acordando, os olhos esfregando para novo dia de proteção.


É possível ouvir seus passos até a cozinha, 


O barulho do talher e da caneca da aula da saudade...
Ela se apóia em um dos pés,
Ainda não se acostumou a tomar café, sozinha...
Sem criança gritando, adulto brigando, Vó ‘dengando’... Aquela grande folia.


Viu em algum lugar que a felicidade mora numa casa amarela. A dela é... 
E mesmo minúscula, sendo
Aqueles três cômodos, que são quase um vão,
São para ela um santuário secreto.
Ali os dias, hora voam, 
E são eternos, muitas horas..

Ela esta sozinha e não se sente solitária
Ela canta desafinando e não liga... 
Às vezes contempla o silêncio... Para acalmar a alma


Queima seus incensos porque acha o cheiro bom
Ouvi suas musicas, seus barulhos,
Às vezes até dança, parece uma criança piruetando...


Pouca gente sabe, que ela é uma excelente dona de casa, nuca explodiu nada.
Na verdade muitos sabem de pouca coisa. 
Nem todos apreciariam ouvi-la
Alguns por não conseguir entender, ela não fala
Outros não merecem saber de coisas tão dela
Raros são aqueles para quem mostra seus retalhos
E conta-se nos dedos os que conseguem esses retalhos juntar


É metida a poetisa, mas só escreve por terapia
Gosta do som do teclado, de dividir sua poesia,
Às vezes chora ao escrever, às vezes escreve e nem vê,
Outras vezes lê, reler e apaga,
Há coisas que precisam ficar guardadas... 
...
Um caminhão passou na rua,


Interrompeu o barulhinho, frenético, do teclado
Ela parou, e esqueceu... Emudeceu.

Permanecendo apelas o vento,


Lembrou-se naquele momento,
De um dos sons mais belos a que a solidão lhe permitira,
Ouvir canto de pássaro, livre 
Do batente da sua cozinha.


Sandrinha Ramos





P.S.: O título do poema veio da definição que Lane Sol deu para o blog.